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Sustentabilidade na moda para iniciantes - Parte I

  • Writer: Tchay Avila
    Tchay Avila
  • Oct 12, 2020
  • 4 min read

Quando falamos de moda sustentável, quantas perguntas permeiam esse assunto que atualmente está tão forte no mercado. Quanta informação e desinformação é encontrada na web, nas propagandas e nas redes sociais?


Muitos querem aproveitar a "tendência" de SUSTENTABILIDADE na MODA, porém em quem confiar quando vemos tantos escândalos de empresas que fazem greenwashing para aumentar as vendas? Ou quando descobrimos situações de trabalho escravo?


No mundo em que todos podem se dizer especialistas em alguma coisa, é importante tratar a sustentabilidade com a seriedade que o tema merece. Porém de uma maneira leve e prática, levando informação relevante e fácil de entender!


Vamos começar pelo começo


Antes de mais nada, preciso apresentar alguns dados e números (peraí, não foge), para que você entenda o tamanho do problema que estamos enfrentando. Afinal falar de moda é muito mais do que falar do último lançamento de coleção ou da cor do ano da Pantone®. 


Entender a moda do início ao fim irá nos ajudar a perceber as oportunidades de crescimentos dentro da sustentabilidade. Portanto neste primeiro post iremos descobrir mais sobre os números e o tamanho atual da indústria da moda e as projeções de crescimento até 2030. Além de conhecer os impactos desse crescimento se continuarmos a trabalhar no mesmo modelo de negócio atual.


Talvez você já tenha visto que, nos últimos tempos, começou a ocorrer um movimento na indústria da moda, com práticas mais sustentáveis a fim de reduzir o impacto ambiental. O objetivo é garantir que a moda possa influenciar positivamente às milhões de comunidades que são afetadas por ela (trabalhadores da agroindústria, beneficiadores de matéria prima, consumidores, etc).


Mas você sabe por quê esse movimento tem ganhado cada vez mais força? Eu não sabia e foi por isso que comecei a vasculhar. Foi quando descobri a Global Fashion Agenda.


A GFA é uma organização que tem como missão transformar a maneira como a indústria produz e vende moda e como nós a consumimos. Global Fashion Agenda é uma organização sem fins lucrativos, o que dá mais credibilidade no trabalho que eles realizam, já que não estão tentando mudar a indústria com base nos interesses do seu próprio negócio.


Então puxa uma cadeira, pode até pegar lápis e papel para anotar, e fica confortável pois as informações que vou compartilhar a seguir são de "cair os butiás do bolso" - expressão gaúcha de espanto.


Impacto Ambiental


Talvez você já tenha ouvido falar que desde sempre, a indústria da moda utiliza muitos recursos naturais, o que resulta em uma grande poluição do ar e da água. 


Segundo a Global Fashion Agenda só em 2015 a moda:

  • Consumiu 79 bilhões de metros cúbicos de água 

  • Emitiu 1715 milhões de toneladas de CO2 

  • Produziu 92 milhões de toneladas de resíduos

Traduzindo em bom português, essa indústria consumiu quantidade suficiente para:

  • Encher 32 milhões de piscinas olímpicas

  • Emitiu CO2 equivalente a 230 milhões de carros circulando por ano

Só em 2016 o mercado de vestuário e calçados gerou receita superior a 1,8 bilhão de dólares e empregou mais de 60 milhões de pessoas. Portanto fica claro que uma indústria desse tamanho claramente impacta não só aqueles que trabalham nela e consomem seus produtos mas o mundo como um todo.


A estimativa de crescimento da população global até 2030 é de 8,5 bilhões de pessoas e com isso, espera-se que haja um aumento no consumo de vestuário de 63,5%. O que seria de 62 milhões de toneladas atuais para 102 milhões de toneladas. Quase o dobro em apenas 10 anos.. 


Em termos de impacto ambiental, estima-se que o consumo de água aumentará em 50%, as emissões de energia aumentarão em 63% e os resíduos gerados saltarão de 92 milhões de toneladas, que falamos anteriormente, para 148 milhões de toneladas.


Todo esse modelo linear atual resulta em grande desperdício e uso de recursos naturais. Isso sem contar do impacto social dessa indústria.


Impacto Social


Sabe-se que 24% dos 60 milhões de trabalhadores da moda recebem 2 a 5 vezes menos do que o valor que um trabalhador e sua família precisam para viver com dignidade. E estima-se que o número de trabalhadores nessas condições irá aumentar em 52% - de 14 milhões para 21 milhões até 2030. Muitos trabalhadores precisam fazer horas extras excessivas para suprir necessidades básicas como alimentação e moradia.


Em comparação com outras indústrias, a moda não é percebida como um setor estratégico. Os direitos dos trabalhadores muitas vezes não são reconhecidos e as empresas e empregos não são considerados de igual valor aos de outras indústrias. 


Para que a indústria da moda contribua para um desenvolvimento social e econômico verdadeiramente sustentável, é necessária uma nova visão - que se baseie em novos modelos de produção e organização do trabalho e com incentivos para o crescimento de empresas sustentáveis ​​e oportunidades para os trabalhadores.



Conclusão


Todos esses dados me levaram a questionar o setor que trabalho e assim decidi começar o blog, instagram, facebook, (e a gestação de um podcast que logo logo irá nascer)! Meu objetivo é falar de moda e sustentabilidade de uma maneira dinâmica e fácil de entender. 


Sei que números assustam - especialmente o pessoal criativo - mas eles são extremamente importantes para quem empreende, para falar de custos de projetos, entender onde podemos melhorar, cortar ou acrescentar processos e para que possamos seguir adiante nos próximos posts da série!


Acompanhe o blog toda semana para conferir em primeira mão os novos posts e se informar, inspirar, aprender e até compartilhar esse universo com seus amigos.Nos vemos na próxima semana para mais informações e desta vez, menos números!


Entrem em contato comigo e me sigam pelo @tchaydesign, todos os dias eu posto alguma novidade sobre moda e sustentabilidade e vai ser um prazer poder conversar com vocês e trocar ideias por lá!


Beijos e até semana que vem


Fontes:


Clean Clothes Campaign. The state of pay in the global garment industry


International Labor Organization - ILO. Asia-Pacific Garment and Footwear Sector Research Note.


International Labor Organization - ILO. Global Dialogue Forum on Wages and Working Hours in the Textiles, Clothing, Leather and Footwear Industries.


Global Fashion Agenda - GFA. Pulse of the fashion industry


Well Made Clothes. Minimum wages in fashion are half a living wage



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